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Entre Bi e Pan: respeito para além das similaridades

Atualizado: 24 de mar. de 2021

Escrito por Beatriz Hermans


Temos visto algo que acontece com bastante frequência, que é a discussão sobre as definições entre bi e pan, normalmente acarretando em algumas formas de ataques por um ou ambos os lados, tentando se defender e/ou definir a sexualidade alheia. Por isso, nós do Bi-Sides sentimos a necessidade de conversar um pouco com vocês e esclarecer a nossa posição em relação a isso tudo.


O primeiro ponto é que não apoiamos brigas entre bi, pan, poli, ominis etc. quanto a definições, somos todos monodissidentes e a nossa luta é conjunta. O segundo ponto é que dentro da comunidade bi temos algumas definições que circulam bem entre nós, sendo elas “atração por mais de um gênero” e “atração pelo próprio gênero e outro”. Uma única definição nunca foi feita. Contudo, um ponto importante de ressaltar é que desde o Manifesto Bissexual de 1990 estamos dizendo que a bissexualidade não é binária por si só, o e isso acaba sendo importante, pois muitas vezes nessas discussões se diz que bissexuais não se atraem por pessoas trans ou pessoas trans não-bináries, colocando essa como a diferença entre as sexualidades, o que evidentemente não está correto.


A pansexualidade, pelo que vemos no Brasil e afora costumam se definir como sendo “atraídos por todos os gêneros” ou “independentemente de gênero”.


A discussão frequente está em qual é o limite prático de alguém ser bi e alguém ser pan. Pelo que vemos, esse limite por si só não existe, o que existe e é extremamente válido são as próprias percepções de sua sexualidade e com qual bandeira/sexualidade você se identifica. Pode sim haver um bissexual que se atrai por todos os gêneros, e isso não faz dessa pessoa menos bissexual, pois na definição aceita pela comunidade e já entendida desde 1990, a bissexualidade não é binária. E principalmente, não há uma maneira certa ou errada de ser bi, nem pan também.


O que pedimos a todes é que se respeitem e aceitem a sexualidade com a qual cada um se identifica, mesmo se a sua definição individual seja diferente. Respeito é fundamental quando estamos em grupo, e da mesma forma como não gostamos de ser invisibilizados, invisibilizar ou apagar outros nunca é a saída.


Somos todos monodissidentes, e essas discussões entre nós não melhoram a nossa situação frente ao mundo.


Aqui deixamos o Manifesto Bissexual de 1990, traduzido por Stephan Martins, para todo mundo dar uma refrescada.

 

Manifesto Bissexual de 1990

(Originalmente públicado no periódico Anything That Moves)


"Estamos cansades de sermos analisades, definides e representades por pessoas que não nós ou pior ainda, cansades de que ninguém nos considere estamos frustrades pelo isolamento e invisibilidade impostas que acompanham a suposta obrigação de escolhermos entre uma identidade homossexual ou heterossexual.


A monossexualidade é um dito heterossexista usado para oprimir homossexuais e negar a validade da bissexualidade a bissexualidade é uma identidade fluida e inteira.

Não presuma que a bissexualidade é binária ou duogâmica em sua natureza: de que temos “dois” lados ou que precisamos nos envolver simultaneamente com ambos os gêneros para sermos seres humanos realizados. Na verdade, não presuma que só existem dois gêneros. Não confunda nossa fluidez por confusão, irresponsabilidade ou incapacidade de comprometimento. Não iguale promiscuidade, infidelidade ou comportamento sexual inseguro à bissexualidade esses são traços humanos que atravessam todas as orientações sexuais. Não se deve presumir nada sobre a sexualidade de ninguém, incluindo a sua.


Nos enfurecemos com aqueles que se recusam a aceitar nossa existência; nossos problemas; nossas contribuições; nossas alianças; nossa voz. É hora da voz bissexual ser ouvida"


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