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Constantine não será bissexual na série televisiva

Constantine, um personagem de HQ da DC Comics, é um anti-herói ocultista, mago, vigarista, que enfrenta demônios e… é bissexual.


Ok, é uma descrição muito superficial, mas eu não conheço o personagem e tenho que confiar nas descrições imprecisas que leio.

O ponto importante aqui é que vamos viver, por meio de Constantine em sua nova série, mais um caso de apagamento bissexual no mundo do entretenimento, que apaga até mesmo a bissexualidade de gente que existiu de verdade, como Freddie Mercury que é frequentemente retratado como sendo homossexual.

A série vai estrear ainda este ano e teve duas polêmicas sobre como o personagem seria adaptado: o fato de ser bissexual e de ser fumante.

Fumador vai ser, os fãs já podem ficar tranquilos… mas bissexual… aí já é vandalismo.

Segundo o produtor executivo Daniel Cerone, Constantine, que envelhece em tempo real, teve só uma ou outra experiência com homens nos 30 anos da HQ, então não há planos imediatos, mas “quem sabe em 20 anos?” (segundo info aqui no site da MTV )

20 anos? Sério?


Esse é um caso exemplar de bifobia. Em primeiro lugar, não é porque ele só foi visto saindo da cama uma ou duas vezes em sei lá quantos anos de série (o “argumento” usado pra invisibilizá-lo) que isso faz dele menos bi. E não é necessário mostrá-lo transando com homens e mulheres ao mesmo tempo (ou em episódios alternados) pra mostrar que ele é bi. Bastava uma referência no primeiro episódio a um ex-parceiro e uma ex-parceira ou algo nesse sentido. Personagens hetero só tem sua heterossexualidade estabelecida com cenas de sexo? Porque então a bissexualidade é, como sempre, reduzida a sexo? Quando a mídia vai se dar conta de que somos pessoas completas, inteiras, que nossa bissexualidade não é um detalhe que só acontece quando estamos fazendo sexo grupal (ou seja lá qual for a definição de “bissexualidade de verdade com Selo de Garantia Dado Por Pessoa Não Bissexual”)?! Tem TANTA coisa errada nisso: é o apagamento deliberado da bissexualidade, roubando garotos bissexuais do que poderia ser, até onde eu sei, o único exemplo atual de bissexualidade masculina retratada com empatia na mídia (porque, se existir mais algum, pelo amor de tudo avisem nos comentários, pois desconhecemos). É saber que se fosse um vilão a bissexualidade dele seria mostrada, mas heróis não podem amar outros homens. É novamente a redução da nossa identidade ao sexo, como se mostrar o momento pós-trepada fosse a única maneira de mostrar que um personagem é bi. É mais uma vez a ideia de que, a não ser que a gente ande com um portfólio embaixo do braço de relações sexuais passadas com gente de mais de um gênero, nossa identidade não vai ser levada em conta (ele “só” aparece com dois caras em 20 anos de quadrinhos, então “nem é tão bi assim” pra isso aparecer na série, é isso? NÃO.FUNCIONA.DESSE.JEITO!) Invisibilidade dói, mas apagamento deliberado dói muito mais. Parabéns, Daniel Cerone, vc podia ter ajudado mais do que imagina a muitos garotos e homens bissexuais por aí, mas deus nos livre ter um herói que seja qualquer coisa além de branco, cis e hetero né?

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