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Bifobia no movimento LGBT

Atualizado: 7 de mai. de 2020

Agora em junho teremos em São Paulo, além da Parada Feira Cultural e PlayGay, uma porção de outros eventos lgbt e pretendo participar do maior número possível. Eu vou, mas não com muita esperança de me sentir representada. Explico por que.


Em abril fui na prefeitura votar para o Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual e a pessoa que estava contando os votos fez uma piada bifóbica infeliz. Imagino o que aconteceria comigo se eu fizesse piadas homofóbicas/transfóbicas naquele local. Ela disse “tava quase tirando a calça e falando pra me chupar pra ver se era mesmo” e depois disse q era só brincadeira para descontrair. Não acreditar. O clássico ¬¬


Lá fora onde muito mais gente comenta e documenta os casos de bifobia se encontra mais histórias para contar, como a dos jogadores bissexuais que não puderam jogar em um evento esportivo gay por não serem “gays o suficiente”,  e a história da policial bissexual que trabalhava no Castro,  onde a maioria dos policiais são homossexuais, e sofreu bifobia de suas colegas.


Para além da bifobia carregada por heterossexuais que nos consideram pervertidos, não existentes ou indecisos, a bifobia de origem homossexual inclui uma raiva a mais, um certo sentimento de mágoa, como se ser bi fosse traí-los, como se ser bi fosse não ter tanta coragem quanto eles de sair do armário, como se ser bi fosse dormir com o inimigo.


Em tempo, os heterossexuais obviamente não são o inimigo, mas é natural pensar que estamos sendo traidores para quem pensa assim, que homofobia e heterossexualidade caminham sempre juntas. Para quem tem esse sentimento maniqueísta revanchista maluco um “gay” ter algo “hetero” é passar para o outro lado sem querer perder a vantagem desse.


Outra idéia – que me parece um pouco menos difundida – é a de que bissexuais são heterossexuais que estão só se aproveitando, realizando algum fetiche e entrando deslealmente em mais uma concorrência.


Finalmente, a que mais me dói, citada alí no começo é a idéia de que se declarar bi salva a pessoa da homofobia como se ela não tivesse que enfrentar nenhum preconceito. Pelo contrário, sofremos preconceitos de todos os lados, nunca temos certeza de quem não vai agredir nossa identidade, é difícil arrumar namorado não bissexual que entenda isso e não morra de ciúmes, e os homofóbicos CONTINUAM sendo homofóbicos conosco.


Não deveria ser necessário dizer que a união é melhor para todos mas vou dizer aqui porque ser óbvio não parece ser suficiente. Nos excluir do movimento, nos desconsiderar, nos desrespeitar não vai fazer com que conquistemos mais direitos, melhores e mais rapidamente.


Se queremos respeito vamos todos juntos reivindicá-lo.

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