E, assim como em 2012, o Bi-Sides esteve presente na edição de São Paulo da Marcha das Vadias, evento que luta contra a cultura de estupro e a culpabilização da mulher que sofre violência, principalmente sexual. Nós mulheres bissexuais somos muito vitimadas pela cultura que naturaliza e incentiva o estupro, e que culpa a vítima, pois em uma sociedade que acha que certas mulheres “provocam” ou “merecem” a violência que sofrem, nós, consideradas “promíscuas”, “fáceis”, “liberais”, somos vistas como mulheres que tem sempre interesse ou obrigação de satisfazer os desejos sexuais masculinos e, se sofremos violência ou assédio sexual, isso é visto como consequência natural do nosso “estilo de vida desregrado”. Afinal, nessa sociedade misógina, se envolver com pessoas de mais de um gênero é motivo suficiente para não termos direito a algo tão básico como o respeito a nossa integridade física e mental.
Estamos cansadas de ter nossos afetos e desejos fetichizados, de termos nossos envolvimentos com outras mulheres desprezados e minimizados, vistos como “brincadeiras” ou “experimentações”, já que apenas o sexo e o relacionamento com homens cis é visto como importante. Estamos cansadas de homens que se sentem no direito de nos fazer propostas sexuais sem que tenhamos demonstrado o menor interesse neles, estamos cansadas de pessoas que mal nos conhecem presumindo coisas a respeito de nossa vida sexual e afetiva, como se fôssemos todas feitas na mesma forma, como se não fôssemos cada uma de nós única na forma de lidar com nossos afetos, nossos desejos, nossos relacionamentos.
Por isso, no dia 24 de junho tomamos as ruas novamente para dizer que NOSSA SEXUALIDADE NÃO É FETICHE!
foto de Yuri Alexandre
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